quinta-feira, janeiro 01, 2009

Tolas portas ENTRE-abertas

Creio que há algo de bom em tudo que vejo. Quando sinto vontade pulo de cabeça nas coisas, não sei ser 48, 50 ou metade... Ou sou 8 ou sou 80, e acredito que a isso se dê o nome de paixão. Pois é... Acho que sou uma apaixonada, tenho paixão pelas coisas, pelos acontecimentos, pelos fatos e pessoas por onde passo, não conseguiria ser diferente, quando sinto que é chegada a hora, eu corro e atravesso o rio, pulo de cabeça, me reinvento, transcendo a tudo e qualquer coisa que havia prometido, me comprometido ser. Mas nem por isso deixo de cair, Já caí inúmeras vezes ao longo de minha vida. Desisti de ter medo das minhas quedas. Elas acabam por me humanizar, me ajudam a compreender o significado de um monte de coisas sem explicações, e até me ajudam a produzir pérolas. Afinal, “Ostra feliz não faz pérola”, já dizia Rubens Alves, como me ensinou um novo amigo. Eu não sou por acaso. Sou o próprio caso, o casco, também já fui casaco, mas hoje estou mais ao acaso mesmo. Sou assim, fui sempre assim, e assim sigo sendo... Às vezes, chego a me imaginar como Alice... É, Alice no país das Maravilhas, a se atirar sem saber onde, correndo atrás de um coelho, que simplesmente teve um desentendimento com o tempo... E Alice sai se jogando em tudo quanto é buraco que o coelho entra, e em tudo quanto é porta pelas quais o coelho passa. Penso que Alice só queria conhecer um pouco daquele mundo fantástico que o coelho parecia fazer parte e conhecer tão bem, hora se sentindo grande demais, hora se sentindo pequena demais, minúscula perante as situações as quais se envolvia... Pois bem, me sinto quase Alice...
Bom, pra quem já foi Emília, pelo menos, não perco a linha. Linha infantil, ingênua, que acredita em Lua de Cristal, abrindo todas as portas de curiosidade e me arriscando a experimentar coisas, viver situações impossíveis. A cada nova amizade que faço, paquera, namorado em potencial, eu nunca penso em sentir qualquer coisa além de amizade, pois tenho medo, mas às vezes tudo muda. Acabo entrando por uma daquelas portas, e quando percebo, às vezes, tarde demais, a porta bate e eu já nem sei se me lembro o caminho de volta, da saída. E aí o que antes era apenas motivo de risada entre nós, começa a me assustar e aí passo do tamanho de gigante a pequena, minúscula, perdida... Acho que isso não é bom. Quero sair logo daqui, nem que seja pra entrar por outra porta, não quero me sentir tão pequena, antes grande e espaçosa, sem saber onde pisar... Pois em estando pequena tenho medo que pisem em mim..., um sorriso, uma porta nova e linda, tão maravilhosamente diferente de tudo que já vi, e pronto já me considero presa. Talvez com o tempo eu perceba outras coisas, coisas essas todas confusas agora. Mas o agora é tudo o que tenho e é com ele que tenho que aprender a conviver. Eu tenho que calar-me por um tempo, me re-encontrar, achar o caminho de volta, e então, voltar a ser eu, eu e você, amigos simplesmente como nunca deveria ter deixado de ser. No entanto sinto a sensação que estou te perdendo para sempre, como me perdi ao longo do caminho. Há em mim um sentimento de culpa, por isso me o-culpo para não pensar em você. O que aconteceu? Algo inexplicavelmente mágico, que tal como mágica está se esvairindo em nada, qualquer coisa de bom que tenha acontecido. E o que esperar agora? Nada, simplesmente não esperar, mas deitar na grama, tentar ler um livro, e não me deixar levar por um coelho em busca de um mundo encantado a passar na minha frente com sonhos mágicos e tolas portas ENTRE-abertas...

2 comentários:

Silvio disse...

Emília era de pano ... e vivia no mundo real; Alice, real, e vivia no mundo de fantasias ... Para as duas, o tempo, senhor das não-razões. Entre tudo, porque tudo é "Entre, tá aberto" .. somos abertos para a vida, para todos os outros que se querem nós, mesmo que por pouco tempo ... não ligamos ... temos tempo ... e o tempo nos tem ... Vamos tendo entes abertos, então ... e quem sabe poderemos ser nós, também, entes entre-abertos ... Porque somos, mesmo é arreganhados para a vida ... Graças à Oxalá! E somos a fantasia da nossa realidade, com ou sem razão, foda-se!

Anônimo disse...

Na vida temos que "saborear" uma torrente de emoções, ódio, tristeza, felicidade, etc... essas coisinhas que modelam o que somos. Mas é com elas que aprendemos a diferenciar o bom do ruim ( tudo é comparação, como diz Romerito ), acho que não somente deveriamos sentir cada um desses sentimentos, mas QUERER sentí-los, QUERER VIVER.

A questão não é se jogar na toca
(ou buraco, como queira) do coelho, a questão é: Quão fundo você quer ir? As portas ENTRE-abertas sevem como os buracos ( ou toca, como preferir) do coelho, você realmente quer ver tudo o que tem dentro?
Quando lançamos aquele "olhar 43" para aquela pessoa nos tornamos tolas portas ENTRE-abertas e inconscientemente perguntamos...Quer mesmo saber o que tem dentro? :D