sexta-feira, abril 23, 2010

Um Sonho Possível

“I need a proper hug” essa foi a frase que mais me chamou atenção no filme, Um Sonho Possível, que fui assistir ontem a noite. Achei a frase simplesmente fantástica, além de retratar muito bem todo o conteúdo do filme. E não somente do filme, mas de tanta gente, de todos nós e de tantas coisas que fazemos de coração e que, ao mesmo tempo, insistimos em esconder esse mesmo coração que colocamos em nossos atos.
Sandra Bullock, que interpreta a mãe do jogador de sonho, teoricamente, impossível, se revela uma mulher de postura inabalável, de coração aberto é certo, mas que não deixa espaço para mais nada. Ela segue, apertando o passo em suas resoluções, sempre muito determinada. Mas, pobre mulher, esquece que ser forte é poder ser fraca de vez em quando. Ser forte é não necessariamente ter que realmente ser forte o tempo inteiro e que, de tempos em tempos, mesmo as mais fortes sempre precisarão de “a proper hug”.
Penso que o sonho verdadeiramente possível é poder acreditar que somos todos merecedores de “proper hugs”, sem vergonha, sem medo de chorar e que, de vez em quando, em nos permitindo ser fracos é quando somos mais profundamente fortes e fieis a nós mesmos.
Eu confesso: I need a proper hug! E você?

quinta-feira, abril 15, 2010

O difícil ofício de ser uma toda-poderosa-mãe

Quando era criança e, mais ainda, durante minha adolescência e vida adulta, sempre me pegava refletindo sobre “a pessoa mãe”, o “ser mãe” e sempre me passava pela cabeça, mesmo que de forma involuntária (pois como boa menina e jovem mulher, jamais poderiam me incorrer pensamentos daquele tipo!), como as mães, não só a minha, mas todas as mães do mundo, possuíam um ar de superioridade diante dos demais seres humanos da terra. E eu odiava as mães do mundo por isso. Costumava pensar que mesmo as mães mais legais não eram assim tão legais, pois sempre chegaria o momento em que elas estariam prontas para impor suas vontades e determinações sem qualquer êxito, espaço para diálogo ou pedidos implorados de desculpas. Costumava achar que todas as mães do mundo, mesmo as mães mais legais que eu conhecia, eram no fundo, no fundo extremamente perversas, ditadoras, dominadoras, e o pior de todos os males, elas, simplesmente, se achavam as donas do mundo. Percebia que as mães se achavam completas e absolutas donas de todas as verdades existentes na face da terra. Quem era mãe, na minha opinião, já trazia consigo de nascença (ou do nascimento delas como mãe) a marca de um ego inflamado, uma personalidade cheia de certezas, de verdades absolutas e do maior poder que pudesse existir dentre todos os outros seres humanos . Eu adorava comparar as mães, a minha com as das minhas amigas e todas as outras mães do mundo. E, a cada vez que fazia minhas análises sobre elas – as mães – só conseguia ter mais certeza dessa superioridade inabalável, característica típica de toda e qualquer mãe desse mundo!
Mas um dia tudo isso mudou. Eu passei para o lado de lá! Adivinhem o que me aconteceu? Fatalmente eu me tornei também mais uma mãe super-poderosa desse mundo de poder das mães. Pois é, tenho que confessar, no mesmo dia em que cheguei em casa com a minha filha recém-nascida e, na mesmo época, iniciaram-se todas aquelas visitas infinitas, eu passei a adotar um sistemas quase que involuntariamente. Comecei a instantaneamente dividir e classificar todas as mulheres que vinham me visitar e as que eu conhecia como mães e não-mães. Mas, o curioso nisso tudo foi me dar conta que justo as mulheres que eu classificava como “mãe” estavam num patamar muito, mais muito mais elevado do que todas as outras mulheres que eu conhecia.
Me lembro que naquela época, quando estava “virando” mãe, eu comecei a olhar para todas as mulheres que eram mães, mesmo as piores mulheres-mães que eu conhecia, como seres superiores e que de forma alguma estariam na condição de ser comparadas a todas as outras pobres mortais, mulheres não-mães. Daquele dia em diante me redimi perante a classe das mães. Definitivamente, eu tinha passado para o lado delas, ou melhor, para o “meu novo lado”. Eu encontrei todos os motivos existentes e mais alguns para toda aquela soberania que via anteriormente no ser mãe. Passei a concordar e, mais, enfatizar que toda mãe do mundo era de fato um ser superior a todos os demais.
E por que ser mãe é tudo isso e mais alguma coisa? É porque simplesmente carregamos um amor infinito dentro de nós. Somos completamente poderosas pois somos capazes de amar até as criaturinhas mais chatas do mundo, e o pior, amar incondicionalmente. Conforme nossos filhos vão crescendo, também cresce nosso amor e sistematicamente nosso poder. Não só aquele poder de poder ser um ser superior, mas também o poder de amar e amar cada vez de forma maior e infinitamente essas coisinhas que colocamos no mundo.
Hoje, comparo esse poder de ser mãe ao sentimento de invenção, de criação, dos maiores inventores e criadores das maiores invenções existentes em nosso mundo. Mas, quando faço tal comparação, não há um Einstein, um Freud, ou um Shakespeare que chegue, se quer, perto de qualquer comparação. E sabe por quê? Nossas criações e invenções crescem, aprendem a falar, andar e, com o tempo, podem, por sua vez, tornarem-se seres absolutos como nós, ou seja, mães também e com todos os seus poderes… Poderes estes herdados de nós, claro, mães absolutamente poderosas e detentoras de toda a verdade do mundo.
Por tudo isso, hoje, que nem é o dia das mães ou o dia da mulher, mas é dia de ser mãe, pois SER MÃE é para sempre, inclui todos os dias e minutos do resto de nossas vidas, é que posso dizer que realmente somos o máximo e possuímos todo o direito de ser! Por quê? Por nada de mais, mas, simplesmente porque somos mães!!!

quarta-feira, abril 07, 2010

Um completo estranho e todo o resto

O mais estranho mesmo foi perceber como pude deixar de ser estranha justo com um completo estranho!
Hoje, ponderando o acontecimento, sinto um misto de alegria e inocência. Destino, coincidência, acaso, sorte? Não sei, o que sei é que tenho passado a maior parte do tempo desses meus últimos anos tentando agir da maneira mais certa ou, pelo menos, mais coerente, mas sem saber ao certo onde esse certo me levará, se ao céu ou a uma úlcera. Por isso mesmo costumo pensar que o bom mesmo é fazer o que se tem vontade, como quando alguém me dá um conselho e eu penso comigo mesma: “excelente ideia, mas vou fazer apenas o que eu quiser!”.
E acho que o que aconteceu foi exatamente isso, eu fiz simplesmente o que eu quis, sem pensar no que era certo ou errado. Talvez, vivi um desses momentos em que nada se categoriza em certo ou errado, mas em todo o resto que não foi classificado, e que temos uma necessidade silenciosa de descobrir. Esse resto deve ser uma montanha de sentimentos que não chega a ser certo por não ser o bem e nem o errado por não ser o mau. Esse resto pode ser uma solidão gigantesca, sentimentos confusos, saudades cortantes, necessidade de afeto ou mesmo urgências sexuais que não se adaptam às regras do bom comportamento ou, pelo menos, do comportamento lúcido. Esse resto é toda nossa vontade mais secreta de melhorar para pior, de dar-se alta, de zerar-se. Trata-se da chance de poder deixar de ser estranhos a nós mesmos, mesmo que seja com um completo estranho.
Também, sempre pensei que a realização de mudanças em minha vida era uma tentativa de corrigir meu passado. Ou seja, a questão não é o que faço de novo, mas sim que a cada vez que decido por fazer algo diferente do que sempre fiz, estou me dando uma nova chance de melhorar, de acertar. Estou tendo a oportunidade de zerar meu hodômetro. E, com esse zerar-se, surge também a identificação com novas pessoas. O que me leva diretamente à outra questão: “e por que nessa tentativa de mudança fui encontrar justamente com tal pessoa?”. Acho que a resposta está no espelho. Pois é, no espelho que cada pessoa é capaz de projetar de mim mesma. A possibilidade de ver um novo eu em cada pessoa nova que me disponibilizo (ou não) a conhecer.
E, assim, naquele dia conversei por horas num voo de 35 minutos e, naquele momento, me dei conta de como eu estava sendo simpática e falante, completamente aberta à novas amizades e situações. Estranho, não?! Logo eu que tenho sido rotulada de estranha por alguns. Tudo bem, já faz algum tempo, eu sei, entendo, aceito e não nego que tenho sido estranha mesmo, sempre fugindo dos amigos ou, pelo menos, dos eventos sociais. Enfim, esse encontro fez com que eu quisesse ver, viver, sentir todo o resto!
Para Finalizar, só quero registrar a oportunidade de ter me visto e me sentido não mais tão estranha, mesmo que com um completo estranho!

terça-feira, abril 06, 2010

Desaprenda!

Sempre gostei desse dizer escrito num muro qualquer da cidade e que copiei e colei como imagem central e inicial do blog que fiz pra chamar de meu. Mas, hoje, já quase 2010, terminando 2009, percebo que a imagem escolhida para ilustrar o que existe aqui não poderia ser mais perfeita e significativa pra mim neste momento de minha vida.
Acredito que este deveria ter sido O ANO. O ano que eu faria o que sempre sonhei, que eu correria de encontro aos meus sonhos e realizações, abrindo mão de tantos outros sonhos já concretizados num passado. No entanto, este foi também o ano em que mais desaprendi e isso só aconteceu porque em algum momento de toda essa caminhada eu resolvi simplesmente não fazer o melhor, o que era correto, ou da maneira ‘perfeitinha’ que sempre fiz. Foi um ano dedicado a mim. Assumi um compromisso de respeito e de amor por mim mesma. Fiz apenas o que me deu vontade, só fiz bem feito o que eu realmente estava a fim de fazer. Eu só saí quando quis sair, só falei com as pessoas que eu queria e quando queria falar. Aprendi e amei estar sozinha. Ao contrário do que tinha passado a vida fazendo, fiz muito de menos do que não me interessava e fiz um pouco de mais do que realmente queria fazer. Solidão? Egoísmo? Egocentrismo? Pode ser tudo isso e muito mais, o que sei é que fui, pela primeira vez, eu mesma, fazendo por mim e pelos outros, mas apenas quando estava a fim. E creio que em sendo assim, tenho sido no último ano, ao contrário do que muitos possam pensar, a pessoa mais altruísta que já havia conhecido em minha vida. Cultivei solidão e colhi amor próprio e respeito pelas pessoas exatamente como elas são. Aprendi que chegada a hora do balanço final, nem tudo são flores, e que posso descobrir muitos espinhos ao longo do caminho percorrido, mas o que realmente interessa é que esse caminho foi feito por mim, eu o trilhei e o construi a minha maneira, sem medo de ser feliz ou infeliz, mas simplesmente sendo eu mesma a todo e a cada momento.