domingo, janeiro 18, 2009

48 horas

Não, não se trata daquele seriado de TV norte-americano... Mas foi quase aquilo... Esse fim de semana que passou, primeiro do ano, primeiro de muitos, muitos de muitos e ainda tantos de outros ainda antigos muitos. Essas últimas 48 horas estive com tanto amigos, tão imersa de tantos outros, um eu misturada e em meio a tantos, a tantos mundos diferentes, ou, pelo menos diferente dos que estou acostumada a ser, a conviver, a fazer parte de. Estive envolvida num mundo que não era meu, ou que havia muito tempo, não estava acostumada, não lembrava-me que tal mundo também era meu, talvéz sempre fora meu... No entanto, fazia tempo que não andava por esta parte da casa dos compartimentos que há em mim, lugares, por vezes inabitados dentro de mim. Foram 48 horas de sorrisos, gargalhadas, lembranças, novos conhecidos, momentos únicos, como únicos são todos os momentos. Mas momentos incrivelmente especiais, como não havia tido durante todo o ano que passou e que chegou ao fim. Falei bobagens, ouvi tantas besteiras... Como não conversava há séculos, como não me dispunha a ser há séculos. 48 horas de muito do que rir... Mas percebo agora (quase iniciada uma crise declarada de abestinência) que estive também durante essas mesmas 48 horas sem qualquer contato com as palavras, minhas palavras, ou ao menos, tantas vozes de tantos outros que ficam a ecoar em mim e através de mim. Estive, na verdade, por 48 horas, sem um teclado, um papel, um livro ou uma tela e, talvez, exatamente por esse motivo tenha estado com tanta gente e tão longe de mim, do que conheço e estou acostumada em mim, meus pensamentos andarilhos, dessa vez não só vagaram por aí, mas literalmete sairam ao encontro de outros pensamentos reais, concretizados em tantas vozes que ouvia... Acabei por me dar conta de uma relação tão proporciaonal e aplicada a noção de distânciamento. Ou seja, quanto mais nos socializamos, mais des-só-centralizados estamos... E eu não ouso sequer tentar entender tal fenômeno, mas apenas me reservo o direito de escrever sobre, descrever tal experiência. Pois as 48 horas tão sociáveis e intensamente vividas deixaram de ser minhas simplesmente, assim como também deixaram de ser públicas, elas pertencem a ninguém e, ao mesmo tempo, pertencem a todos nós que ali estávamos. Enfim, apenas escrevo aqui e agora para saciar minha sede de um deserto de gente, onde havia de tudo, menos um método de registro e tempo de solidão suficientes para tamanha gota d’água – de gente – com quem estive para, me socializando, me sentir também um pouco menos des-só-centralizada. O que agora, já quase imersa na crise declarada de abestinência de estar só em mim mesma, me pego aqui a fazer o registro do momento – 48 horas.

2 comentários:

Silvio disse...

É assim, nos percebemos nos mesmos quando podemos nos afastar dos que pensamos que somos ... porqu não somos de fato, apenas elocubramos ser ... e não cobramos ser: o que é melhor.

Andre Gatto disse...

E eu no meio dessa falação doida da dona do Blog!!!
Ai meu Deus, nem sei como pude aguentar... e posso ainda aguentar...
e aguento com prazer não posso negar! E gosto muito... dar rizadas, gargalhar.
Só espero não te roubar esse tempo só seu.