domingo, julho 06, 2008

Como o coração pode doer

Como o coração pode doer
por Juliana Barreto

É impressionante como o coração pode doer. Certa vez ouvi falar de um tal sentimento de soco no estomago, algo que dói, dói, corrói e não existe remédio para esse mal. É algo de que se pode falar, vomitar, chorar, passar dias e noites, esperar o semestre acabar, o verão, as férias, o mês, o próximo fim de semana, viajar, a fase passar, o que parece mesmo é que esse momento nunca irá chegar. Parece nunca chegar o tempo em que se respirará sem sentir dor, sem arranhar o coração. É algo parecido a quando estamos gripados e tudo incomoda, só queremos fugir, dormir, mas nenhuma posição é suficientemente cômoda, pode-se dormir o tempo que for, ainda irá acordar com a mesma sensação de soco no estomago, a mesma sensação de dor. Nada faz passar aquela dor. Nada, nem ninguém. Queria poder fazer um transplante de coração, de memória, de tempo que fosse, acreditaria em qualquer coisa, tomaria o que me dessem, obedeceria a qualquer dieta, me candidataria a ser parte de qualquer novo experimento que fosse, para me salvar dessa dor infinita. Nem sequer tenho mais lágrimas para chorar, elas secaram, secaram de dor, de mágoa, de decepção, de fraqueza, de impotência. Queria não ser eu, não estar em meu coração, com o meu coração, queria não ser meu coração. Ah, por favor, alguém tem uma pastilha que alivie essa dor, por alguns segundos que seja? Dêem-me um filme de mil horas para assistir, me façam trabalhar por uns dez anos seguidos, me ocupem, me chamem, me tomem de mim, mas, por favor, não me deixem sentir essa dor!

Nenhum comentário: