quinta-feira, abril 15, 2010

O difícil ofício de ser uma toda-poderosa-mãe

Quando era criança e, mais ainda, durante minha adolescência e vida adulta, sempre me pegava refletindo sobre “a pessoa mãe”, o “ser mãe” e sempre me passava pela cabeça, mesmo que de forma involuntária (pois como boa menina e jovem mulher, jamais poderiam me incorrer pensamentos daquele tipo!), como as mães, não só a minha, mas todas as mães do mundo, possuíam um ar de superioridade diante dos demais seres humanos da terra. E eu odiava as mães do mundo por isso. Costumava pensar que mesmo as mães mais legais não eram assim tão legais, pois sempre chegaria o momento em que elas estariam prontas para impor suas vontades e determinações sem qualquer êxito, espaço para diálogo ou pedidos implorados de desculpas. Costumava achar que todas as mães do mundo, mesmo as mães mais legais que eu conhecia, eram no fundo, no fundo extremamente perversas, ditadoras, dominadoras, e o pior de todos os males, elas, simplesmente, se achavam as donas do mundo. Percebia que as mães se achavam completas e absolutas donas de todas as verdades existentes na face da terra. Quem era mãe, na minha opinião, já trazia consigo de nascença (ou do nascimento delas como mãe) a marca de um ego inflamado, uma personalidade cheia de certezas, de verdades absolutas e do maior poder que pudesse existir dentre todos os outros seres humanos . Eu adorava comparar as mães, a minha com as das minhas amigas e todas as outras mães do mundo. E, a cada vez que fazia minhas análises sobre elas – as mães – só conseguia ter mais certeza dessa superioridade inabalável, característica típica de toda e qualquer mãe desse mundo!
Mas um dia tudo isso mudou. Eu passei para o lado de lá! Adivinhem o que me aconteceu? Fatalmente eu me tornei também mais uma mãe super-poderosa desse mundo de poder das mães. Pois é, tenho que confessar, no mesmo dia em que cheguei em casa com a minha filha recém-nascida e, na mesmo época, iniciaram-se todas aquelas visitas infinitas, eu passei a adotar um sistemas quase que involuntariamente. Comecei a instantaneamente dividir e classificar todas as mulheres que vinham me visitar e as que eu conhecia como mães e não-mães. Mas, o curioso nisso tudo foi me dar conta que justo as mulheres que eu classificava como “mãe” estavam num patamar muito, mais muito mais elevado do que todas as outras mulheres que eu conhecia.
Me lembro que naquela época, quando estava “virando” mãe, eu comecei a olhar para todas as mulheres que eram mães, mesmo as piores mulheres-mães que eu conhecia, como seres superiores e que de forma alguma estariam na condição de ser comparadas a todas as outras pobres mortais, mulheres não-mães. Daquele dia em diante me redimi perante a classe das mães. Definitivamente, eu tinha passado para o lado delas, ou melhor, para o “meu novo lado”. Eu encontrei todos os motivos existentes e mais alguns para toda aquela soberania que via anteriormente no ser mãe. Passei a concordar e, mais, enfatizar que toda mãe do mundo era de fato um ser superior a todos os demais.
E por que ser mãe é tudo isso e mais alguma coisa? É porque simplesmente carregamos um amor infinito dentro de nós. Somos completamente poderosas pois somos capazes de amar até as criaturinhas mais chatas do mundo, e o pior, amar incondicionalmente. Conforme nossos filhos vão crescendo, também cresce nosso amor e sistematicamente nosso poder. Não só aquele poder de poder ser um ser superior, mas também o poder de amar e amar cada vez de forma maior e infinitamente essas coisinhas que colocamos no mundo.
Hoje, comparo esse poder de ser mãe ao sentimento de invenção, de criação, dos maiores inventores e criadores das maiores invenções existentes em nosso mundo. Mas, quando faço tal comparação, não há um Einstein, um Freud, ou um Shakespeare que chegue, se quer, perto de qualquer comparação. E sabe por quê? Nossas criações e invenções crescem, aprendem a falar, andar e, com o tempo, podem, por sua vez, tornarem-se seres absolutos como nós, ou seja, mães também e com todos os seus poderes… Poderes estes herdados de nós, claro, mães absolutamente poderosas e detentoras de toda a verdade do mundo.
Por tudo isso, hoje, que nem é o dia das mães ou o dia da mulher, mas é dia de ser mãe, pois SER MÃE é para sempre, inclui todos os dias e minutos do resto de nossas vidas, é que posso dizer que realmente somos o máximo e possuímos todo o direito de ser! Por quê? Por nada de mais, mas, simplesmente porque somos mães!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que mãe é isso é um pouco além.
Tem algo freudiano que pode levar alguém ao mais alto dos montes, mas, paradoxalmente, empurrar esse mesmo alguém para um eterno conflito emocional - causado, muitas vezes, pela superproteção.
Equilíbrio! Palavra mágica!!
Sergio.'.