Às vezes falamos quando queríamos calar, às vezes calamos quando queríamos falar, mas apenas o fazemos através do outro, pois o outro tem um excedente de visão que completa o eu: único lugar possível de uma completude sempre impossível! Portanto, tenho aprendido que não poderia ser eu sem o outro para me calar ou me fazer falar, pois o meu falar de mim nunca seria um falar de mim, seria sempre um falar sobre mim sem falar de mim, sem falar em mim. Portanto, não tenho nada a falar de mim, a ser de mim, se não existir o outro, que me cala ou me faz falar. Então, só então, talvez, eu tenha tudo a falar de mim, a ser de mim. Esse mim-com-o-outro interessa muito mais a mim. Mim não quer mais saber de mim, está à procura do outro para ver o mim mais de perto. E, talvez, agora, eu possa calar ou falar quando quiser.
A você, outro, o meu, mais em mim, muito obrigada!
Um dia ri a mente
Há 8 anos