segunda-feira, março 23, 2009

Passado – Eterno Presente!

Hoje, já quase amanhã, quase 24 de março, resolvi escrever diferente. Postar alguns pensamentos, sentimentos. Na verdade, quero expressar sob forma de linguagem saudade, quero traduzir saudade – sentimento de falta, de solidão, do se sentir só, mesmo não estando só, mas simplesmente longe dos que amamos, pedacinhos de nós que construímos e nos colamos a eles ao longo da vida. Mas como fazer isso?
Tantos filósofos questionaram a linguagem e seu poder de representação do mundo, das idéias, do conhecimento. São tantas as teorias que dizem a linguagem ser capaz de significar tantas coisas.
Mas não! Não existe tal linguagem que possa traduzir certas abstrações que se encontram exclusivamente em nosso coração, em nossa alma. Não existem palavras que possam traduzir o que sinto agora. Por isso, hoje escrevo assim, escrevo de maneira diferente, tento colocar para fora algo exclusivamente meu. E mesmo que em completo estado de sobriedade no assunto, ainda assim o farei. Tentarei dizer o indizível, o não-dito que não é, mas que ao mesmo tempo é um eterno vir a ser, pelo menos, em mim.
Hoje estou realizando um sonho. Estou onde eu queria estar. Estou fazendo exatamente o que queria fazer. Mas o que faço com a realidade que ficou para trás enquanto tudo isso não passava de um desejo? O que faço com minha antiga realidade? Será que esta virou para mim um sonho, que ainda, e talvez, por total falta de costume, ainda insisto em viver?
Estou me construindo em um novo ser, em uma nova vida. Mas enquanto me construo, assim como num quebra-cabeça, que ainda não está terminado, não sei onde colocar, nem o que fazer, com algumas pecinhas presas as minhas mãos. Só sei que no final, quando o sentimento de êxito e, ainda assim, igual sentimento de frustração surgirem por ter, finalmente, concluído meu quebra-cabeças, saberei exatamente onde essas peças se encaixam. Mas, por agora, só sei que as tenho na mão e as carrego comigo aonde vou... Até o momento que sei, saberei exatamente onde colocá-las.
Apresento-lhes agora as peças do meu quebra-cabeça que me acompanham, que fazem parte de mim e ao mesmo tempo não mais:
Ouvir vir não sei de onde a palavra “professora”; ler textos tão “vagamente precisos” de um amigo com “lacunas cheias de presentes”; Falar ao vento, falar de nada e de tudo, falar aos meus alunos; Fingir saber o que achava não saber...
E como sabia... Sempre soube que saberia que esse momento chegaria, mas nunca, nunca me preparei para tal.
Saudade. Saudade do passado, de um passado eternamente Presente.