sábado, abril 11, 2009

Arranhões, “engasgos”??? Sigamos...

Sinto-me estranha, sei que estou bem de saúde, mas sinto algo machucando lá dentro, algo parecido a uma dor muito forte, bem no meio de mim, algum lugar não identificado entre o estomago, o coração e o pulmão. Parece que algo está entrando e me cortando por dentro. Mas não se trata de nenhuma arma, pelo menos, não vejo ninguém por perto me apontando qualquer coisa parecida. Já posso até sentir umas pontadas aqui e outras ali a me furar, me arranhando por dentro. Já sei, deve ter sido uma espinha de peixe, ou melhor, de tubarão! Daquelas que fica atravessada e não há jeito de colocá-la pra fora. A gente cospe, tenta enfiar o dedo lá dentro da garganta, forçando um vômito que nunca vem se frustra e chora, sem entender a dor...
E é quando penso, mas o que eu fiz para me sentir assim? Tomei tantos cuidados? Segui minha “dieta” direitinho, tão bem, que, por vazes, cheguei até a sentir um vazio, um oco no estômago. E agora, aqui com esse algo atravessado em mim, dentro de mim, penso se não teria sido mais “saudável” sentir o vazio, o oco... Esse não me doía, não me incomodava e nem me arranhava. Também não precisaria forçar sua saída, pois nada havia lá.
Às vezes penso que já passei por tudo, já experimentei de tudo. Já cai tantas vezes, assim como já fui capaz de me levantar outras tantas. Penso que sou forte, que me tornei forte e que estou aqui, firme pra o que der e vier...
Sentia-me exatamente assim, de tão segura, por ter toda a certeza do mundo que nada poderia me abalar que pude até pensar que já não precisava de minhas armas.
Desarmei-me, não pensei, acho que fui levada a não pensar, ou achei que não precisaria pensar por pensar estar tão segura.
Nem sei ao certo como tudo aconteceu, o que sei é que estive por alguns dias muito bem, feliz, leve, estava sem minhas armas e estava feliz por não ter que carregá-las mais comigo aonde quer que eu fosse. Por alguns dias soltei gargalhadas leves e sorrisos presos, pairei horas com cara de boba a olhar o nada...
Mas enfim descubro que nada aconteceu. Tudo não passou de um sonho, que durou uma noite apenas e fim. Fui feliz!
Aqui estou eu de volta com todas as minhas armas em punho, que, por vezes, na pressa da saída, as esqueço em algum lugar e acabo engolindo espinhas de peixe, de tubarão, enormes a me cortar por dentro.
Mas, não mais. Acabou, passou. Sobrevivi (como sempre). E agora estou de volta, sigo em frente, caminhando, porém, mais atenta, de olhos bem abertos. E aqui, sentada à minha mesa, percebo que a “catástrofe”, ou melhor, o “engasgo” não me levou, mas me revelou algo sobre os sentidos: o gosto amargo na boca pode até incomodar. Mas, possuímos dois outros sentidos que nunca devemos abandonar: a visão e o caminhar. Então, sigamos...

sábado, abril 04, 2009

Escolhas: ex ou não, eterno relacionar-se.

Tudo na vida se resume as escolhas que fazemos. Escolhas essas que nos leva direto a um relacionar-se com determinada escolha e, dali pra frente, colher o que plantamos. Colher os frutos de todas as nossas escolhas, muitas vezes, ex-escolhas, mas que já não podemos mais abrir mão. Está feito, já foi escolhido, plantado, colhido.
E, embora, leve toda uma vida de eternas colheitas do que escolhemos, mesmo sendo ex-escolhas, já não podemos mais nos desfazer delas. Terá de haver um modo de conviver, relacionar-se com todas as coisas que escolhemos. Nunca poderão ser ex-escolhas. Perpetuarão em nós, em nossos relacionamentos, seja conosco, com o outro ou com os outros. E estes, por sua vez, aparecerão em nossas vidas, igualmente, cheios de suas colheitas, podendo ser ex-escolhas ou ainda, simples, escolhas.
Resta-nos lembrar que todas as nossas escolhas serão, se já não são, os fatos, as pessoas que um dia iremos nos tornar. Lugares, pessoas, vida, escolhas, todas as nossas escolhas têm autonomia e poder de criar uma simbiose conosco, o que é natural que com o tempo se apropriem de nós e nós delas.
Portanto, escolher evoca um dilema, e, talvez, o mais intenso de todos, o dilema da escolha.
A despeito de muitas vezes esta escolha se configurar como uma dúvida entre uma pessoa e outra, um fazer ou outro, um ir ou vir, um falar ou calar, um ser ou não ser, é exatamente a dúvida, que mesmo incômoda, nos confere uma sensação de paralisia.
Por tudo isso, há de se permitir que a paralisia leve-nos a pensar melhor a respeito das escolhas, do confronto e da dinâmica do relacionar-se, para o resto de nossas vidas, com nossas ex-escolhas e escolhas, enfim, conosco.