quarta-feira, novembro 26, 2008

Quando quiser falar ou calar...

Às vezes falamos quando queríamos calar, às vezes calamos quando queríamos falar, mas apenas o fazemos através do outro, pois o outro tem um excedente de visão que completa o eu: único lugar possível de uma completude sempre impossível! Portanto, tenho aprendido que não poderia ser eu sem o outro para me calar ou me fazer falar, pois o meu falar de mim nunca seria um falar de mim, seria sempre um falar sobre mim sem falar de mim, sem falar em mim. Portanto, não tenho nada a falar de mim, a ser de mim, se não existir o outro, que me cala ou me faz falar. Então, só então, talvez, eu tenha tudo a falar de mim, a ser de mim. Esse mim-com-o-outro interessa muito mais a mim. Mim não quer mais saber de mim, está à procura do outro para ver o mim mais de perto. E, talvez, agora, eu possa calar ou falar quando quiser.
A você, outro, o meu, mais em mim, muito obrigada!

sábado, novembro 15, 2008

Estou por aí... menos em mim...

Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí...
Fui por aí, sai por aí, mesmo ainda estando aqui, mesmo sem sair do lugar. Estou por todos os lugares, menos por aqui, menos em mim. Não sei por onde ando, nem o que quero, “a máquina de confabulações imaginárias” já não trabalha, parou de funcionar... Deve ter sido a maresia! Pois é, essa mesma maresia que vem com o vem e vai do mar, das ondas no mar... Assim como as ondas do mar nos traz a maresia, que corrói as máquinas e deixa tudo a ‘ver navios’, a vida também nos traz esse vem e vai de pessoas, todas com seus ids, egos e super egos, que, igualmente, nos corrói, nos destrói, faz parar o tempo, faz de seus discursos, máquinas destruidoras de confabulações imaginárias! Por isso estou de férias, tirei férias. Férias de mim, do outro, dos outros e de todos os outros! E, vou logo avisando, “não volto”, não quero voltar, não tenho por que voltar. Vou continuar por ai, em qualquer lugar, menos em mim.
Acho que ouvi algo sobre “relacionamentos não são os de sangue, mas sim os de oxigênio”. Então, já sei! Vou por aí, a procura de OXIGÊNIO!!!

Justamente o que estava intransitivamente ausente...

Você me dizia JustamenteUmaLindaIntransitivaAmigaNuncaAusente...
E olha o que achei...

TEMPOS VERBAIS

às vezes lembro
dos pretéritos
perfeitos e imperfeitos
mais-que-perfeitos
e até futuros

que não voltam mais
que cederam a vez
que revi passar
para me ver somente
recordar os verbos

meu nome é presente
todo ser já fui
tudo que era sou
eu fora porque seria
lembrar é o meu ainda

Um 'presente' de Tiago Mesquita...